(Poema escrito em 8 de dezembro de 1994 – dia da morte de Tom Jobim)
Villa-Lobos está tenso.
Vinícius só faz sorrir.
Vão receber o amigo
que da Terra ousou partir.
Os anjos se reuniram
com a pauta musical.
Vão recebê-lo cantando
num majestoso coral.
O céu precisava mesmo
de um presente de Natal
e Jobim levou o seu Tom
pra festa celestial.
Tudo foi organizado
e arcanjos e querubins
ao lado de Elis Regina
regiam os serafins.
O amigo Ronaldo Boscôli
que acabava de chegar
escolheu o repertório
de esplendor peculiar.
A Garota de Ipanema
foi a grande sensação
uma doce melodia
na voz de Nara Leão.
O maestro soberano
mudou as regras do céu:
foi o primeiro habitante
a entrar com seu chapéu.
Orgulhoso de seu filho
Deus nem ao menos notou
quando Tom entrou fumando
seu charuto transgressor.
A felicidade veio
pra amenizar a saudade
dos amigos que Jobim
perdera pra eternidade.
Agora estão todos juntos
numa só MPB, de poesia
de bossa, de samba
e de bem-querer.
Goimar Dantas