Gente, e não é que precisei encarnar a Sherazade no último sábado à tarde? No evento do Colégio São Domingos coube a mim papear sobre o livro Quem tem medo de papangu? com os pequenos da Educação Infantil. Precisei adaptar o bate-papo, que eu tinha programado para crianças entre 8 e 10 anos, para a molecadinha menor, com idade entre 2 e 6 anos.
Para isso, levei apetrechos típicos do protagonista do livro, tais como máscara rústica confeccionada com pacote, guarda-chuva, saco de lixo, penico, balas, pirulitos, barra de goiabada e um cinto que fazia às vezes de chicote. Eu nunca tinha feito coisa parecida, mas valeu a pena. Penso que com crianças tão pequenas, simplesmente não dá pra sentar lá e ficar falando sem nenhum artefato lúdico. Então, invoquei a Sherazade que habita em mim e mandei ver na contação de história.
Mas preciso confessar que tive a ajuda preciosíssima do garoto mais esperto, inteligente e articulado que conheci na vida. Trata-se de Fabrízio, o mais “velho” do grupo. Do alto dos seus 7 anos, banguela e charmoso até a medula, o susperstar já não fazia parte da turma da Educação Infantil. Mesmo assim, quis conferir a história do papangu.
Tão logo comecei a contação, Fabrízio assumiu o papel de assistente de direção, ator e coautor, chegando ao ponto de responder uma de minhas perguntas em versos!!! No final de tudo, me pegou pela mãos e me levou até o laboratório de biologia, de modo que eu visse um lagarto mortinho da silva, devidamente embebido em formol mas que, segundo ele, era “igualzinho” ao lagarto/calango ilustrado na página 9 do Quem tem medo de papangu?.Um programa, enfim, irresistível.
Além de roubar a cena, Fabrízio conquistou meu coração para sempre (meu bem meu “Maurício”, o maridão que estava lá fotografando tudo, sabe que é definitivo: Fabrízio é inesquecível e ponto final).
Os pais se divertiram, as crianças também e eu, claro, mais ainda. Depois dessa, estou pensando seriamente em fazer um curso de contaçao de histórias. Penso que quem escreve livros infantis tem de estar preparado para dialogar com os pequenos da melhor forma possível. Por isso mesmo, no que depender de mim, meus dias de Dona Benta e de Sherazade estão só começando 😛
E lá pelas tantas, abri para perguntas e essa coisa fofa aí de cima, vestido com a fantasia do cowboy Wood, do filme Toy Story, saiu com essa: “Eu queria saber quando é que o papangu vem pra São Paulo?” Não é fofo?
Já essa princesa da foto acima é a Laís, ou Lalá. Quando perguntei às crianças quem pensava em escrever um livro um dia, várias ergueram as mãos. Então questionei sobre o quê desejariam escrever. Fabrízio disse que escreveria sobre trens. “Wood” respondeu que preferia escrever sobre aviões. E quando perguntei à Lala sobre o que ela escreveria a pequenina respondeu: “Ih… Esqueci…”. Não importa, não é? O que não falta a ela é tempo para pensar num tema 🙂
E falando em tempo: hoje, aniversário de Monteiro Lobato, é o Dia Nacional do Livro Infantil. Que tal você aproveitar e comemorar a data contando uma história bem legal para as crianças que convivem com você? Fica a dica!