Não há poesia nesta noite.
Só há silêncio.

A nossa música não
vai nunca mais tocar.

O meu prazer,
o teu sorriso,
a nossa dança…

Saraus e lendas,
a minha boca,
o teu olhar.

São fragmentos,
doces memórias
da nossa história…

Flecha no peito,
um desconcerto,
um ser e estar.

Nosso universo
de paralelos,
meridianos.

Jardins noturnos.
Éden na Terra:
pra se pecar…

Foi tudo sonho.
Já não existe.
Não tem “mais tarde”…

Não há promessas
nem madrugadas
neste lugar.

Só há vazio.
Certa incerteza.
Muita saudade…

Olho lá fora
e não encontro
aquele luar.

Deve estar dentro
do velho peito
já tão minguante…

De melodia
só escuto mesmo
meu soluçar.

E em vez do mar
(nosso velho amigo
tão invasivo…)

Só o que tenho
é o sal das lágrimas
desse chorar…

Goimar Dantas
São Paulo
01-03-08