Baco.
Baque.
Vinho.
Seco.
Taças.
Tilintares.
Taquicardia.
Torpores.
Tonturas.
Sinestesias.
Mãos frias.
Trêmulas.
Tensas.
Os gestos.
Os ritos.
Os versos.
Estrofes
formando
no ar:
poemas recitados para apenas um olhar.

Mais tarde,
lá fora…
O mundo, enfim, mergulhara
no mar de intensos delírios
que se chama Madrugada.

E nela eu rodopiava
com minha saia rodada…
E a boca toda enfeitada…
Vermelha, cor de carmim.
O meu cabelo desfeito…
Os cachos sobre o teu peito…
Compondo linda pintura
de inusitada aventura.

E ao lançar-me em teu mar
quebrei a tua armadura…
Estranha e antiga moldura
desfeita sem mais pesar.
Restou apenas desejo.
E a noite, em flor, foi-se abrindo
no espaço breve de um beijo.
No abraço bem apertado.
Na festa dos corações.
No ritual dos amantes:
crimes plenos de perdões
(aqueles sempre assinados
pela força das paixões).

Goimar Dantas
São Paulo
09/08/05