Oito microcontos meus, cada um com o máximo de 140 caracteres, estão no livro acima (nessa foto, fazendo charme com meus dicionários, manuais de redação e coleção de índios amercianos em miniatura). A coletânea com os microcontos foi publicada pela Fundação Wolkswagen e é fruto de um concurso promovido no Twitter durante a XXI Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu de 12 a 22 de agosto de 2010.

O primeiro colocado no concurso foi o internauta @felipevalerio, autor deste ótimo microconto: “Esta é a vista que prometi. Agora pula”. Achei sensacional. Merecidíssimo. Mas o mais interessante do concurso, na minha opinião, foi o fato de todos os participantes terem seu(s) microconto(s) publicados. Valeu o exercício, o empenho e a diversão de criar histórias usando tão poucos caracteres. Gol de placa da Fundação Wolkswagen. Ou melhor: de letra. 🙂

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O lançamento aconteceu no último sábado, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, durante o Encontro de Tuiteiros Culturais, projeto lançado em 2009 pela Organização Social de Cultura POIESIS, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura. Cada participante ganhou um exemplar do livro, mas para além disso, foi ótimo conhecer esse pessoal que valoriza textos, poesias, aforismos e informações culturais diversificadas por meio do twitter.

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O evento foi capitaneado pelo físico, professor e curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb. Zé, como é conhecido por todos, também foi, durante 18 anos, proprietário da charmosa – e infelizmente extinta – livraria Belas Artes e é, cada vez mais, grande incentivador das políticas públicas direcionadas ao livro no Brasil. Mas seu currículo só se completa mesmo quando a gente diz que ele é um apaixonado confesso pelas possibilidades dessa incrível ferramenta que é o twitter (e a qual eu demorei tanto a me render: mea culpa, mea culpa, mea culpa!).

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Na foto acima, o escritor Marcelino Freire e o vereador Floriano Pesaro, que também prestigiaram o evento. Freire assina o microprefácio do livro e esteve o tempo todo ligado a essa iniciativa. No sábado, nos brindou com o que intitulou de “microfala” (deliciosa, por sinal!) sobre microcontos.

Com a língua afiada e o bom humor que lhe são peculiares, o escritor nos levou a refletir sobre a presença da concisão em textos fundamentais da literatura ocidental. A começar por algumas frases e salmos bastante conhecidos da Bíblia, passando, em seguida, para exemplos deixados por mestres da literatura nacional e internacional, todos especialistas na escrita objetiva e contundente expressa em períodos e capítulos curtos que compõem suas obras. Dentre eles, Machado de Assis, Júlio Cortázar, Hemingway e Kafka, sem esquecer autores brasileiros contemporâneos como Millôr Fernandes e Dalton Trevisan.

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Aqui, Marcelino aparece com Conceição Mirandola, diretora da Fundação Wolkswagen (simpaticíssima, por sinal).

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Quem acompanha o blog sabe que adoro levar a família a tiracolo para eventos literários e culturais. Acho ótimo que as crianças tenham contato com esse universo. E aqui vemos meus filhotes gigantescos acompanhados do meu bem, meu Mau(rício). Meu filho Yuri, aliás, adorou as tiradas de Marcelino Freire e, Deus me ouça, num futuro breve, será mais um leitor desse pernambucano arretado, agitador cultural que tanto tem feito pela literatura no Brasil.

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Pra finalizar, minha filhota Tatá junto da mãe coruja. Tatá, diga-se, não sossegou enquanto não localizou meus microcontos no livro. Fofa.com.br, né não?