Com Dona Hilda, ao centro, e parte da equipe da biblioteca Monteiro Lobato.
Aos seis anos, toda a minha fantasia morava no Sítio Pica-Pau Amarelo, originalmente criado por Monteiro Lobato. Mas, como naquele tempo eu não tinha acesso a livros, meu Sítio era mesmo a reinvenção da obra do grande escritor brasileiro que, justiça seja feita, foi levada às telas de maneira genial pela Rede Globo de Televisão, no final dos anos 70.
Ainda hoje fico comovida quando lembro as inúmeras vezes em que desejei ser Emília, a boneca falante movida à inteligência e impetuosidade. Devo muitas de minhas peripécias infantis a Lobato. Por isso, foi com emoção imensa que, em 30 de junho último, em uma das salas da Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, localizada na Vila Buarque, em São Paulo, bati um papo delicioso com uma das eternas crianças marcadas pelo universo originário da obra Lobatiana. Trata-se de dona Hilda Villela Junqueira Merz, hoje com 86 anos.
A equipe leva Dona Hilda para conhecer a graciosa instalação “O poço do Visconde”.
Como tantas crianças de sua época, Hilda passou a infância lendo as obras de Lobato e escrevendo ao autor inúmeras cartas que ele, gentilmente, respondia. A diferença entre Hilda e as demais crianças que se correspondiam com o autor é que, em 1937, Hilda, ainda adolescente, e levada à editora de Lobato pelas mãos do avô, não apenas conheceu o escritor como se tornou amiga do criador de Reinações de Narizinho até sua morte, em 04 de julho de 1948.
Mobiliário, caricaturas, fotografias, livros, bonecos e outros itens compõem o Museu Monteiro Lobato, uma das atrações da biblioteca.
Hilda contou que a primeira vez em que o viu a emoção foi tamanha que não conseguiu falar. Porém, pouco tempo depois, Lobato já estava almoçando na casa do avô de Hilda, estreitando relações com a família da menina e elogiando muitíssimo a habilidade do cozinheiro da residência que, nas palavras do escritor, era “melhor do que Tia Nastácia”.
Pedaço da costela de Lobato, relíquia que leva às crianças ao delírio na biblioteca Monteiro Lobato.
A cada aniversário de Lobato, Hilda costumava presenteá-lo com balas caseiras de caramelo, que ele adorava. Após a morte do autor, Hilda se tornou amiga de dona Purezinha, esposa do escritor, e também de Marta, filha de Lobato – ambas já falecidas. Hoje, mantém amizade com Joice, neta do criador do Reino das Águas Claras.
Acima, as várias faces de Lobato. Abaixo, fotografias dos filhos do escritor, em diferentes fases.
Hilda conhece tudo e mais um pouco sobre a obra e a vida de Lobato e, por conta disso, trabalhou durante 20 anos na Biblioteca que leva o nome do autor de O saci. Aliás, fica aqui meu agradecimento à Rita, à Kazue, ao Oiram e ao Nelson, que compõem parte da equipe da Biblioteca e que contribuíram para tornar a manhã do dia 30 inesquecível.
De minha parte, vou levar esse encontro em meu coração para semrpe. E será com grande alegria que irei falar mais sobre ele em meu livro Rotas Literárias de São Paulo.
Em tempo: hoje faz 62 que Monteiro Lobato nos deixou. Para saber mais sobre a incrível Biblioteca que leva seu nome, especializada em literatura infantil, clique aqui.