Fiquei apaixonada por toda a região do Centro Histórico de Salvador. Passei uma tarde lá e voltei dois dias depois pra conferir mais museus e atrações. Uma energia diferente contagia os ambientes e as pessoas. Por todos os cantos, turistas fotografam, filmam e se deixam impregnar pela atmosfera artística da região, repleta de lojas de quadros, artesanto, gente cantando, tocando… O Pelourinho é um show à parte e, nesse dia, dezenas de crianças do grupo Olodum se preparavam para o ensaio que aconteceria logo mais à noite. Foi lindo passear por lá em meio aos batuques, risadas e agitação da molecada.
Meu bem meu “Mau” fez essa foto da paisagem próxima ao Mercado Modelo quando estava devidamente instalado no segundo andar do belíssimo Museu da Misericórdia. Não podíamos fotografar o Museu, mas gostaria de registrar que se trata de uma visita obrigatória pra quem for a Salvador. O Museu fica na antiga sede da Santa Casa de Misericórdia e mescla informações sobre a história social da cidade, saúde, arquitetura, religião e arte. Destaque para as guias. Todas muito bem preparadas para explica tudinho e responder qualquer pergunta dos turistas. Imperdível.
Eu simplesmente caí de amores pela ladeira de São Francisco Xavier, também no Centro Histórico de Salvador. A enorme quantidade de casas de câmbio, associada à beleza do local, talvez explique a maior concentração de turistas estrangeiros neste trecho do Centro. O charme das lojinhas e das sorveterias certamente também atrai os visitantes que, ao final da ladeira, deparam com a incrível Igreja de São Francisco, inteirinha trabalhada em estilo Rococó. A cor dourada do ouro predomina em seu interior, repleto de desenhos, esculturas e relevos. Tive um treco e não segurei o choro… Para mim, muito mais do que uma expressão religiosa, aquela Igreja é um trabalho artístico e arquitetônico impressionante. Não pude tirar fotos, mas ficam aqui minhas impressões e a recordação de minhas lágrimas. Em tempo: esclareço que acho o fim da picada a Igreja Católica gastar rios de dinheiro construindo templos caríssimos, mas, como muitos deles se transformaram em arte, acabo encarando todos como museus. Espéceis de patrimônios públicos onde é possível saber mais sobre História, Civilização, Cultura.
Conhecer a Fundação Casa de Jorge Amado foi a realização de um sonho. O acervo é composto por milhares de fotos de Jorge, Zélia e de suas andanças pelo mundo. Da mesma forma também vemos edições antigas de seus livros, pôsteres e exemplares das edições internacionais, o fardão usado por Jorge na Academia Brasileira de Letras, condecorações e uma interessante instalação com bonecas representando suas personagens mais famosas como Tieta, Gabriela e Teresa Batista. O curioso é que não sou uma grande leitora do autor. Infelizmente, devo ter lido uns cinco, seis livros dele, no máximo. Porém, como os li na adolescência, a força dessas obras acabou me marcando muito e exercendo um forte impacto sobre mim naquela época. Como a maioria das pessoas, comecei por Capitães de Areia e fiquei caidinha de amores por Pedro Bala, o protagonista. Depois, aos 15, li Jubiabá e a seqüência se deu com os três volumes do ótimo Subterrâneos da liberdade. Um pouco mais tarde, aos 20, li Farda, Fardão, Camisola de dormir. Daí pra frente, o trabalho, as exigências específicas da faculdade e tudo o que veio depois acabaou me apartando um pouco dos livros de Jorge…
Ainda na adolescência, também tive uma queda por Zélia Gattai, uma vez que interpretei a autora na adaptação para teatro da obra Anarquista Graças a Deus, durante o Ensino Médio.
Acabei conhecendo o casal em 1998, quando estive a trabalho no Salão Internacional do Livro, em Paris. Jorge já estava bem doente e com problemas de audição. E em meio ao burburinho da Feira, Zélia, muito amorosa, tratava de repetir cada frase de nossa conversação em tom bem alto, próxima ao ouvido dele. Contei à Zélia sobre minha audácia juvenil em interpretá-la, trocamos impressões, tiramos foto, rimos… Mas, horas mais tarde, um ladrão marroquinho acabou com minha festa e levou minha bolsa, minha máquina fotográfica e meus documentos no restaurante da Feira. Só eu mesmo… Sem lenço e sem documento, em Paris… Os fotos com o casal se foram, mas a recordação de Jorge e Zélia, essa ninguém rouba de mim. Sem chance.
Tatá flutuando em meio ao colorido das milhares de fitinhas que os devotos amarram à frente da linda Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Cada fita simbolizando um pedido. Eu amarrei logo três…
Sei não, mas algo me diz que tá pra nascer uma arraia mais fofa e mais exibida do que essa aí, que fotografei no Projeto Tamar, na Praia do Forte. Não é lindinha, a danada?
E essa era a vista que nós tínhamos do quarto do hotel. Vou dispensar as palavras
aqui.