O artista potiguar Isaac Galvão encerrou o Congresso com toda a magia e encantamento da tradicional arte popular nordestina.

Entre os dias 14 e 17 de setembro participei do III Congresso Internacional de Pesquisa (Auto) Biográfica (III Cipa), organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. Neste ano, a edição teve como tema: (Auto) Biografia: formação, territórios e saberes. O evento visa lançar luzes sobre a importância de relatos variados, sejam eles diários pessoais, anotações, registros, fotografias, documentos, cadernos, textos avulsos e livros para a criação da memória e da história social, sempre partindo da esfera particular para a universal.

O congresso contou com a presença de acadêmicos nacionais e internacionais, com ênfase para a participação de professores franceses e suíços. Durante os debates, que se dividiram em sete eixos temáticos, foi possível refletir sobre a importância das pesquisas que investigam o ser humano em profundidade, colaborando para a descoberta de suas relações com o mundo físico e sensível.

Estudar a fundo a formação de cada indivíduo, seus lugares de origem, seus espaços internos e externos, os ambientais (inter)culturais e institucionais por onde transita é um mecanismo essencial para “ampliar os horizontes de investigação sobre os processos memorialísticos”, como afirma a professora doutora Maria da Conceição Passegi, organizadora do III Cipa, no texto de abertura da programação do evento.

Durante o Congresso, os participantes tiveram acesso, também, a três excelentes exposições, lançamentos de livros e oficinas que funcionaram como complemento dos trabalhos e das aprendizagens adquiridas.

Como jornalista, escritora e defensora da utilização das palavras como fontes imprescindíveis de expressão, fazer parte desse evento foi, sem dúvida, um privilégio. Uma oportunidade rara de entender melhor o meu trabalho e, por que não dizer, a minha vida.

E por ser realizado no Estado onde nasci, o Congresso se tornou, ainda, uma ponte capaz de me conduzir a encontros inesquecíveis com conterrâneos ilustres: estudiosos, pesquisadores, professores, escritores, historiadores, mestres e doutores nascidos em terras potiguares. Uma gente calorosa, afetuosa, cheia de simplicidade e sabedoria.

Nesse sentido, conhecer de perto esses personagens – podendo trocar experiências com eles – compõe, por si só, uma memória que já se mostra essencial para a construção da história da minha existência.

Inesquecível é pouco para definir o que foram esses dias. E para completar, na seqüência viajei para o sertão, mais precisamente para o município de Currais Novos, realizando uma série de entrevistas que farão parte do meu novo projeto profissional. Uma viagem literalmente biográfica, rica e literária. Mas essa já é uma outra história, merecedora de um post exclusivo no futuro.

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O mais difícil foi escolher o que assistir… Eu fiquei com a ótima mesa três!

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Cadernos da linda exposição: “Não me esqueça num canto qualquer”.

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Texto da professora Zélia, da Unicamp, para a exposição sobre cadernos.

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Estava linda a exposição sobre Bertha Lutz, uma das mulheres mais importantes do século XX.

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Mas a minha exposição preferida foi esta: “Ler e sonhar: Signos da busca da brasilidade nas dedicatórias de Mário de Andrade a Câmara Cascudo”.

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Conseguem ler? Vejam a meiguice, seguida de autocrítica, com que Mário de Andrade começa essa carta-dedicatória. Ele diz assim: “Cascudinho, aqui lhe mando uma coisa péssima, mal feita e mal publicada, cheia de leviandades intelecutais, defeitos de estilo e erros de revisão que o leitor inteligente…etc“. Nossa, e eu achando que tinha autocrítica…

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Cascudinho com cara de poucos amigos, em sua biblioteca, em 1942.

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E na hora do intervalo, a poucos metros do Hotel Praiamar, onde acontecia o Congresso, esse era o cenário disponível: a lua dando o ar da graça, na linda Praia de Ponta Negra.