A cada Bienal Intenacional do Livro de São Paulo sou acometida por um misto de alegria e melancolia. Alegria porque adoro rever amigos, me perder entre os estandes e assistir às dezenas de palestras e encontros com escritores e profissionais da área. Melancolia porque morro de saudades da época em que trabalhava apenas e tão somente em Editora. Todos os temas, problemas, dramas e emoções do meu cotidiano giravam em torno dos livros. Eles são o meu grande amor, minha cachaça, meu vício. Estou trabalhando incansavelmente para que, um dia, eu possa me dedicar exclusivamente a eles.
Mas não é fácil… Há três anos me divido entre livros, roteiros, textos para empresas, redação de artigos, consultorias, assessorias etc, etc e mais etc… Nos últimos dois anos, por exemplo, o grosso da minha produção resultou em mais de 80 roteiros para vídeos institucionais. Não é que não goste de escrever roteiros. Escrever é sempre uma bênção… Mas confesso que os livros, pequisas e qualquer trabalho que se relacione a eles ganha disparado na minha perefência.
Quando escrevo um roteiro tenho a impressão de que estou confortavelmente instalada na mansão de um amigo. É linda e tal… Mas não é minha. É difícil explicar. Difícil entender. Mas é o que sinto, de verdade. Já quando escrevo e trabalho com livros… Ai, sim… Sinto-me totalmente em casa. Na minha casa. A despeito disso, continuo lendo, estudando, me informando e buscando me aprimorar na escrita dos roteiros. Como eu já disse, não é a minha casa, mas, se sou convidada para estar nela, então vou procurar cuidar bem do imóvel. Muito bem.
Voltando à Bienal, a verdade é que ela não deixa de ser um suplício em muitos aspectos. Ontem mesmo faltou pouco para eu não ser atropelada por uma manada de crianças e adolescentes que corria em desabalada carreira para ver uma celebridade do Big Brother que tinha aparecido por lá. Vamos combinar que ninguém merece. Tantos livros e tantos eventos interessantes acontecendo ali e eles atrás de uma celebridade do Big Brother… Além disso, é tudo muito cheio, lotado, difícil. O Anhembi é longe. Muito longe. O trânsito até lá é infernal. O táxi sai caro (não dirijo por absoluta incompetência, falta de senso de direção e consciência de que o mundo fica bem melhor sem que eu esteja num volante), o metrô e os trens exigem 500 baldeações…
Mas… Ainda assim, não resisto.
Sábado à tarde, 16 de agosto de 2008. Fernado Moraes autografa O Mago, biografia sobre Paulo Coelho.
Escrever biografias é um dos meus projetos de vida. Entre as que o Fernando Moraes escreveu, minhas preferidas são Olga, que li ainda adolescente, e Chatô – O rei do Brasil. Gosto demais do trabalho do Ruy Castro também, especialmente O anjo pornográfico, que nos brinda com a vida absolutamente cinematográfica de Nelson Rodrigues.
Sábado à noite, 16 de agosto. Marcelo Rubens Paiva, o mediador Ricardo Soares, Guilhermo Arriaga (roteirista de Babel e 21 gramas), Lusa Silvestre e Marcos Jorge (respectivamente roteirista e diretor do festejado longaEstômago – que eu ainda não vi – debatem sobre a profissão de roteirista no Brasil e no mundo. Cheguei atrasada, o auditório do Salão de Idéias já estava lotado e a foto ficou péssima… Nem consegui enquadrar o Lusa e o Marcos. No frigir dos ovos, até que eu gostei do debate, mas esperava um pouco mais do Arriaga. O público também não perguntou nada relevante. E como eu era parte do público, isto é um mea culpa.
Quinta-feira, 21 de agosto, às 11h.
Ai, ai… Obrigada a Deus e à Deusa por eu ter assistido – deleitada – a palestra maravilhosa dos escritores e ilustradores: Ângela Lago, Eva Furnari, Ivan Zigg e Fernando Vilela. Os quatro são considerados os papas da ilustração e do texto voltados ao público infantil. Como tenho muitos projetos de vida, escrever para este público também é uma meta. Na verdade, já escrevi cinco livros infantis. Só falta publicar (mero detalhe, claro :)). Nesta foto, você vê uma ilustração de Eva Furnari, apresentada em slide. Ampliem e vejam que coisa mais linda, mais cheia de graça…
As deusas Eva Furnari e Ângela Lago.
Fernando Vilela. Autor do excelente Lampião e Lancelot. Prêmios Jabuti de melhor capa, melhor livro infantil e melhor projeto gráfico. Comprei esse livro há uns três ou quatro meses e o considero uma obra de arte, verdadeira relíquia. Recomendo que apreciem sem moderação.
A mediadora do debate, jornalista Mona Dorf, mostrando ao público as ilustrações de Lampião e Lancelot. Esse foi o primeiro evento que presenciei na quinta, dia 21, na Bienal, onde permancei por nove horas. Isso mesmo: nove horas. Assisti a palestras, desfrutei da companhia de amigos queridíssimos que eu não via há séculos, fiz reuniões e compareci a eventos de trabalho. Como resultado, passei todo o dia de sexta-feira no maior prego e numa ressaca sem precedentes na história da minha vida. Faz sentido. Conforme já disse aqui: livro é a minha cachaça.