A benção, meu bom Manuel!
A benção, meu nobre Senhor…
Aqui estou com os textos teus,
Rezando com grande fervor.
A benção, senhor Manuel!
Que o teu Recife é o esplendor
E o lindo São João da tua infância?
Fogueira a iluminar teu avô!
A benção, senhor Manuel!
Jogai as graças sobre mim!
Cobri-me com tua memória
Teus sonhos, desejos de outrora…
A benção, senhor Manuel!
Meu peito apertado… Sentindo
Teu desespero, teu pavor!
As noites de tosse e de medo…
Hemoptises, frio e terror…

A benção, senhor Manuel!
Os teus meninos carvoeiros,
Os sapos enfunando os papos,
Momento eterno num café…
E Irene – que é boa demais!
Poética, grito, sussurro!
O desencanto desses versos…
Fraquezas no pulmão do mundo!

A benção, senhor Manuel!
Com tua expressão ao sorrir…
E esse piano na face?
(Tocando um tango sem disfarce!)
E assim foi adiando a vida…
E assim foi postergando o amor…
Poeta das Cinzas das Horas,
Um mestre nas rimas da dor.

A benção, senhor Manuel!
Da Lira dos cinqüenta anos,
Do tom dessa Libertinagem,
Da vida abortando os seus sonhos…
Em tua Pasárgada mítica
Espero um dia te encontrar!
Pra então agradecer a benção
E meu grande amor revelar.
Em vida disseste que os corpos
Se entendem, mas, as almas, não!
E quero explicar-te, em sussurro,
Que tudo isso é confusão!
Engano do grande poeta…
Tristeza, mágoa, temor.
De se entregar de corpo e alma,
De acreditar no meu amor!
E aqui concluo essa oração,
Poema, canção e louvor,
Renovo meus votos e afirmo:
“Minh’alma
Se entende com tua,
Senhor!”

Goimar Dantas
Japi (sertão do Rio Grande do Norte)
07-01-2008