À memória de Romeu e Julieta,
Abelardo e Heloísa
Riobaldo e Diadorim
Florentino Ariza e Fermina Daza

Conheço seus sentimentos
Sempre entendi seus motivos
E sobrevivo à distância
que te afasta, assim, de mim.
Mas sei que vivo em seus sonhos
Que moro em seus pensamentos
Povoando os seus silêncios
E as curvas do seu sorrir

E eu sei que você percebe
O porquê do descompasso
Em todas as nossas músicas
Em todos os nossos passos…
Raras noites
Poucos dias
Tanta estrada
Muita ausência
E sempre um mar de saudade
E sempre a mesma sentença:
“Agora não. Só mais tarde…”
(Frase que é vil veneno
Um tipo de porto e cais
Em que os amantes se acenam
E onde soluçam seus ais).

E esse vazio em seu peito
E as minhas tristes poesias
Se encontram de vez em quando
Numa mesma sintonia
No sonho
Na tempestade
Nas quatro fases da lua
No vento que envolve a noite
Na esquina de toda a rua…
No universo paralelo!
Na curva de cada hora
Na duração desse inverno
No entardecer e na aurora…

E o sol podia brilhar
E a estrela nunca cair
E a maldição desse agosto
Deixar, assim, de existir…

Mas esse amor sem fronteiras
Gigante continental
Ocidente e oriente
Stonehenge ancestral
Nasceu com força de chão,
calor e intensa poeira
vulcão prestes a jorrar…
Força bruta, correnteza.
Eco de desfiladeiro
Labirinto de incerteza
Alegria e Carnaval
E a cinza da quarta-feira…

E enquanto o Tempo se mostra
Senhor do nosso querer
Deus de todas as vontades
Um sonho do vir a ser
Você vai virando a página
Do livro da juventude
E eu vou compondo linhas
Desses versos, amiúde
Sina de todo poeta
Destino
Fado
Refrão…
Balada
Estrofe
Cantiga
Reza
Grito
Oração
Filosofia
Poesia
Doutrina
Religião
Fé cega
Que só obedece
Ao Deus boêmio e divino
que atende por Coração.

Goimar Dantas
São Paulo, 05/10/07