Eu sou…
Menina da rima,
bailarina de retina,
nordestina da toada,
princesa lá do Cordel.
Filha de Pedro e Maria,
neta do seu Zé Dantas
e sua dona Luzia.
E também de Pedro Horácio
e sua doce Maria.
Sou fruto da terra seca.
Amante do som da chuva.
Do estrondo do trovão.
Da melodia do mar.
Eu sou a moça dos textos,
da prosa, da sintonia,
do engenho da palavra.
Eu sou a febre de amar.
Eu venho de outras paradas,
do Rio Grande do Norte.
Daquele sertão sem sorte,
mas cheio de poesia…
Gene das gentes bravias,
dos violeiros da feira,
das histórias infinitas
que nunca vão se acabar.
Espécie de Sherazade
que narra ao raiar do dia,
dorme sonhando versos
e acorda pra lapidar.
Eu tenho a pele morena,
do sol dos meus ancestrais,
que ardiam noites e dias,
sempre querendo mais.
Eu trago o verbo na alma,
escrevo sem ter papel,
desafio na embolada.
Eu sou linha e carretel.
Sou fã de Manuel Bandeira,
de Carlos Drummond de Andrade
e penso que Adélia Prado é
anjo que vem do céu.
Entendo que Hilda Hilst,
pitonisa da paixão,
foi condutora de um tempo,
da marcha do coração.
Eu quero é parir poemas,
dar à luz nas madrugadas,
achar a palavra exata
na hora em que precisar.
Eu sou fiel aos meus livros,
e a vontade insaciável,
de descrever o não-dito,
tesouro bom de encontrar.
Sou Diana Caçadora
e vivo de articular
idéias soltas no espaço,
tramas em pleno ar.
Eu sou lápis apontando.
Nasci para registrar,
para versejar enredos
e personagens sem par.
Se ainda não me conhece,
atente! Pode apostar,
meu nome é bem diferente.
Prazer, eu sou Goimar.
Goimar Dantas
São Paulo, 14/01/07
às 12h30.
Imagem: foto da menina Gói, aos 3 anos. Acervo pessoal.