Todo mundo é luz e sombra
Todo mundo é paz e guerra
Todo mundo é frio de Inverno
E apogeu da Primavera
Todo mundo é o silêncio
Todo mundo é gritaria
Todo mundo é meia-noite
Todo mundo é meio-dia
Todo mundo é o princípio
Todo mundo é o final
Todo mundo é brincadeira
Todo mundo é ritual
Todo mundo é obra-prima
E todo mundo é esboço
Todo mundo é a vitória
Todo mundo é fim do poço
Todo mundo é água limpa
E todo mundo é a lama
E todo mundo é a cinza
E todo mundo é a chama
Todo mundo é bem-vindo
Todo mundo é desprezado
Todo mundo é meio Deus
Todo mundo é o diabo!
Todo mundo é mundo inteiro
Todo mundo é o seu quintal
Todo mundo é a cigarra
(em tempo de Carnaval)
Todo mundo é a formiga
(protegendo o seu quinhão)
Todo mundo é a enxurrada
Todo mundo é o Sertão
Todo mundo é castidade
Todo mundo é tentação
Todo mundo é lua plena
Todo mundo é insolação
Nós somos mata cerrada
Nós somos devastação…
E nessa mata somos índio
E um bando de português
Todo mundo aqui é negro
Todo mundo é holandês
Todo mundo é salvação
Todo mundo é sua cruz
Todo mundo é passageiro
E todo mundo conduz
Todo mundo é Zona Norte
Todo mundo é Zona Sul
Todo mundo é mar aberto
Todo mundo é céu azul
Todo mundo está vestido
E todo mundo está nu
Todo mundo é a tristeza
Todo mundo é alegria
Todo mundo é solidão
Todo mundo é companhia
E todo mundo é pedra bruta
Todo mundo é lapidado
Todo mundo é jóia rara
À espera do ser amado
Somos zés
Somos marias
Somos anjos
Somos maus
Somos aquilo que somos
Somos paixão visceral
Somos gente
Somos sina
Somos bomba de Hiroshima
Somos a cura do câncer
Somos a febre terçã
Somos hoje
Somos ontem
Somos também amanhã!
E aqui encerro essa toada
Bem na curva da mudança
Nessa fronteira do agora
Nesse mundo sem distância
No vértice do poema
No passo da contradança
No flerte com o novo dia
Na tradução da esperança!
Goimar Dantas
Ilhabela
Litoral Norte de São Paulo
18/11/07