É difícil eleger os preferidos quando o caldeirão apenas começa a fervilhar, mas arrisco dizer que dentre os “meninos” meu voto vai para Ricardo Lísias, com o seu ótimo Anna O. e outras novelas, Editora Globo. Já garanti o meu exemplar autografado, claro. O moço é muito tímido, mas nada que algumas taças de vinho não resolvessem no dia em que fui vê-lo falar – coisa rara de acontecer, já que Lísias se confessou um tanto avesso às badalações literárias. Fazia muito tempo que eu não via alguém ficar tão vermelho a cada dois minutos. Mas o que verdadeiramente importa é a completa ausência de timidez no texto do rapaz. Achei a novela O capuzespecialmente arrebatadora, maravilhosa… Embora também tenha considerado Anna O. sensacional. Não é à toa que a respeitada acadêmica Leyla Perrone-Moisés incensa o “menino” até não poder mais no posfácio da obra.
Em meio a tudo isso, a misteriosa artesã Celina parece não ter mesmo nada a perder no Rio e acaba partindo com Haruki para o Japão. Nas mãos habilidosas dos dois personagens desenhos e tecidos dão vida aos seus pensamentos, à beleza e também à tristeza que trazem na alma… Uma trama na qual o leitor envereda com suavidade e submissão orientais.
Adriana opta por uma estrutura de texto diferenciada que lembra um diário, mesmo abrindo mão de um fio narrativo linear. Ganha o leitor uma vez que o vaivém das histórias empresta um suspense delicioso a essa trama que obedece a um fluxo de pensamento muito peculiar. Uma viagem em todos os sentidos, sempre conduzida pela poesia das lembranças, memórias, sentimentos, desejos, traumas e confusões das personagens.
Eu poderia ter lido Rakushisha em algumas horas, mas demorei dias para fazê-lo. Quis sorver cada parágrafo devagar e não raro relia os mesmos trechos três, quatro vezes, tamanha a atração avassaladora que as palavras de Adriana exerciam sobre mim.
Ganhei o livro no meu aniversário. E não poderia haver presente melhor.
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