Se ousarmos arriscar uma rápida definição, podemos descrever os sonhos como uma miscelânea constituída de matéria de memória, cacos do cotidiano, projeções do futuro, impulsos, intuições, desejos explícitos e também reprimidos. E uma vez entregues aos braços de Morfeu, esse mix de ingredientes oníricos é devidamente batido no liquidificador do subconsciente. Como resultado, iniciamos um incrível passeio pelo mundo maravilhoso de nossas próprias Mil e uma noites, repletas de paisagens e cenas tão misteriosas quanto reveladoras.
Dia dessas, por exemplo, sonhei que o escritor Marcelino Freire me presenteava com o nome de um personagem. Acordei em meio à madrugada tomada pela lembrança poderosa daquele substantivo próprio tão sonoro quanto esdrúxulo. Imediatamente, anotei o tal nome que, um dia, usarei em um conto ou romance. Acredito piamente que quando sonhamos com alguém estamos, de alguma forma, estabelecendo contato com essa pessoa –muito embora ela, conscientemente, não se dê conta disso. E por pensar assim, faço questão de cruzar a fronteira do sonho na direção da realidade para dizer: obrigada, Marcelino. De todo o meu coração, obrigada.