Nessa foto, vemos o jornalista, escritor e crítico literário José Castello, em palestra proferida na lindíssima Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, na Vila Madalena, São Paulo. Castello dividiu a mesa com o poeta Antonio Cicero e com o mediador Marcelino Freire, que era também o organizador do evento, a já tradicional Balada Literária.
Era o último dia da Balada, mais precisamente 21 de novembro de 2010. Um domingo. E Castello foi sensacional. Falou com paixão, humor, inteligência. Tem o dom da prosa. Soube prender a plateia, que ficou refém – agradecida – de suas palavras. E como a Balada é um dos eventos que serão mencionados no meu livro Rotas literárias de São Paulo (que venho preparando desde o ano passado), acabei gravando toda a palestra.
Terminei a transcrição agora há pouco e não resisti. Preciso compartilhar duas falas de José Castello, ambas carregadas de sabedoria.
Lá vão elas:
Sobre o ofício da escrita
“Todo mundo diz que o escritor é mestre das palavras… É hábil com as palavras… Mas acho que, antes disso, o escritor tem que ser o mestre do silêncio. Você tem que ficar quieto, esquecer da zoeira contemporânea e tentar ouvir as pequenas coisas que te surgem e que, muitas vezes, você não dá nem atenção”.
Sobre a importância do medo (Aqui, Castello falava sobre o medo que sentiu durante o processo de escrita de seu livro mais recente, Ribamar, publicado pela Bertrand Brasil, em 2010).
“Em alguns momentos, eu tive muito medo e muita vontade de desistir. Em vários momentos, me deu a impressão de que eu estava entrando numa furada. (…) Foi uma experiência que tive em que o medo foi fundamental: conviver com esse medo, suportar esse medo, fazer alguma coisa com esse medo, dar algum destino a esse medo (…) É uma viagem que você faz de olhos vendados. Você tem que atravessar esse deserto do medo pra conseguir chegar a alguma coisa: se é bom, se é ruim, se é mais ou menos, se não é… Os leitores é que vão dizer. Mas eu consegui chegar a alguma coisa que é minha. Isso eu tenho certeza”.
Fantástico, não é?
Fica aqui meu singelo agradecimento ao Castello e meu desejo de que esses dizeres possam servir de guia, mantra e oração a todos nós que professamos a religião da Palavra: Amém.