Quem nunca pecou,
que atire a primeira pedra.
Esses dizeres me redimem.
Retiram de mim o peso da cruz que é seu corpo forte,
moldado em rituais e sacrifícios…
Ah… A velha culpa cristã…
Ela me faz crer que
meu desejo é pecado e primo-irmão da loucura…
Mas antes que a insanidade me tome de vez,
me apego com fervor a trechos dos Evangelhos.
Apenas eles me apartam da desesperança quando falam de vinhos,
festas, danças e da extrema reverência com que Maria,
irmã de Marta e de Lázaro,
cuidou do seu Senhor.
Ela sim pôde viver a glória
porque lavou os pés de Jesus com perfume de nardo e,
depois, os secou devotamente,
com seus próprios cabelos…
Uma cena que supera a poesia e a sensualidade do Cântico dos cânticos.
E que me comove mais do que toda a arte já produzida pela mão do homem.
E dito isso, pergunto:
-“ Irmão Sol, Irmã Lua…
Estarei sendo profana ao desejar lavar os pés do meu amado?
Logo Ele a quem considero um Deus?”
Quem nunca pecou…
Goimar Dantas
São Paulo – 29/08/07