Seu eu tivesse tempo, daria pra escrever um livro sobre os dias em que passei em Ouro Preto e Mariana. São tantos assuntos, histórias, impressões e sentimentos que me recuso a esgotar tudo em poucas linhas. Este post será apenas o primeiro de uma série. Isso porque viajo novamente amanhã e é impossível me alongar agora. Só o Pouso do Chico Rei, onde nos hospedamos, rende um texto inteiro. Mas a despeito da minha correria, deixarei um gostinho do que foi a viagem por aqui, por meio de algumas poucas fotos e uma breve explicação sobre o Pouso.
Essa primeira imagem, por exemplo, traz a sala de café lá do Pouso do Chico Rei. Escolhi essa pousada a dedo porque é onde se hospedavam Vinicius de Moraes, Pablo Neruda e a poeta americana Elizabeth Bishop, dentre outros tantos ícones literários e artísticos, sempre que passavam por Ouro Preto. Todos eram amicíssimos das proprietárias, Lili e Ninita. Mais tarde, Bishop comprou uma casa na cidade, coisa que eu também faria se pudesse.
Todos os quartos recebem os nomes desses e de outros artistas, como o quarto Guignard, em homenagem ao grande pintor brasileiro, cuja obra pude conhecer melhor graças a essa viagem a Ouro Preto. Ficamos em dois quartos: primeiro, no Elizabeth Bishop, cujas instalações e a vista são lindas. Depois, no quarto Pablo Neruda.
Os espaços comuns aos hóspedes, como a sala de café e a de leitura, são lindamente decorados. Os móveis são “todos em madeira de lei”, como diz Vinicius no poema dedicado ao lugar (para ler o samba e o poema que o autor de Vinicius compôs em tributo ao Pouso clique aqui). Tive a oportunidade de ter acesso ao antigo livro de hóspedes, que contém cartas e bilhetes do “poetinha” que, de diminuto, ao meu ver, não tem nada. Para mim ele sempre foi grande. Imenso. E o livro é uma verdadeira relíquia: além dos bilhetes e cartas de Vinicius, há textos e desenhos de Maysa, Guignard, Maria Bethânea e outras tantas celebridades brasileiras.
“O Pouso”, bem como toda a cidade, recebe turistas do mundo todo. Durante os dias em que estivemos lá, o francês, o inglês e o italiano eram os idiomas mais falados nas ruas. Nunca pensei que o turismo internacional fosse algo tão comum em Ouro Preto. Na verdade, fiquei estupefata ao perceber que a maioria dos hóspedes que dividia o pouso conosco nesta semana eram franceses. Pra mim foi ótimo, uma vez que pude treinar um pouquinho o idioma, que anda bem enferrujado desde o final do meu curso, há um ano e meio.
Essa é uma das vistas do quarto “Elizabeth Bishop”. Aliás, Ouro Preto é farto em igrejas barrocas – uma mais linda que a outra. No domingo de manhã, todos os sinos repicam em uníssono: um espetáculo inesquecível – mesmo para quem gosta de dormir até tarde, como é o meu caso.
Tive medo de que as crianças achassem o passeio cansativo, chato. Afinal, achei que temas que remetem às igrejas, aos museus, à Arte Sacra e à maravilhosa história da Inconfidência Mineira são por demais áridos para pré-adolescentes do século 21. Mas eu estava errada. Amém. Eles amaram o tour, sobretudo o passeio de trem Maria Fumaça, para a cidade de Mariana. Yuri se sentiu o próprio Harry Potter indo para a famosa escola de Bruxaria e Magia Hogwart’s. 🙂
Quanto a mim, fica difícil dizer o que mais gostei. Mas vou tentar elencar algumas coisas: O Museu da Inconfidência, a Casa dos Contos, os restaurantes, a Casa Guignard, a atmosfera literária e histórica que permeia tudo e todos na cidade, o bate-papo com a quase centenária Maria Bárbara de Lima, proprietária da casa em cujos fundos foi descoberta, na década de 40 do século passado, a famosa Mina do Chico Rei, personagem ímpar da história de Ouro Preto. Dona Bárbara, aliás, conheceu Cecília Meireles na época em que a escritora realizava pesquisas para escrever seu belíssimo “Romanceiro da Inconfidência”.
O fato é que ainda preciso organizar as mais de mil fotos que tirei de Ouro Preto e Mariana. Em todo o caso, quem desejar matar um pouco da curiosidade pode clicar aqui, onde postei mais algumas.
Nos próximos dias, estarei fora novamente para mais um roteiro turístico com o qual sonho há anos. Até a volta!