O editor José Xavier Cortez, à esquerda, personagem da biografia prevista para 2010, que assinarei em parceria com a historiadora Teresa Sales, e o documentarista Wagner Bezerra, no último dia de gravação do documentário “O semeador de livros”, com lançamento previsto para dezembro. Abaixo, reproduzo a íntegra da matéria veiculada ontem no Publishnews, revista eletrônica especializada em notícias do mercado editorial.
A saga do editor e livreiro José Xavier Cortez (Cortez Editora/SP), uma epopeia sobre a vida de um nordestino que fez dos livros a sua própria história, é contada no documentário “O semeador de livros”, viabilizado pela Lei Câmara Cascudo, (processo 025/2007) da Fundação José Augusto, do Governo do Rio Grande do Norte, para incentivo à cultura. O projeto captou patrocínios da ordem de R$ 260.000,00, sendo R$164.000,00 da Cosern – Companhia Energética do Rio Grande do Norte e R$ 96.000,00 da Petrobrás.
Com lançamento previsto para dezembro de 2009, o documentário dirigido por Wagner Bezerra que, também assina o roteiro com Heloísa Dias Bezerra, tem realização da Ciência & Arte Comunicação e co-realização da TV Puc SP e encontra-se em fase de finalização. O filme será distribuído gratuitamente para instituições públicas de ensino, bibliotecas, videotecas públicas do Rio Grande do Norte e veiculado pela TV PUC – SP e TVs universitárias e educativas de todo o Brasil. Narrado em 1ª pessoa, o documentário mostra os caminhos percorridos pelo editor, que, ainda muito jovem, deixa a então pequena cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, em direção ao sul maravilha, embalado pelo sonho de vencer na vida.
O documentário descreve, ainda, o engajamento do Cortez em causas político-sociais, como a participação na famosa “Revolta dos Marinheiros” que levou a sua cassação e expulsão da Marinha do Brasil. A preocupação com os dilemas da sociedade brasileira que sempre fizeram parte da sua vida, como no episódio em que teve a livraria assaltada e ofereceu livros infantis ao chefe do grupo, proferindo a frase “leva isso pros seus filhos, que assim eles terão uma vida diferente da sua”, o que foi prontamente aceito pelo infeliz sujeito, que deixou o local com os braços cheios de livros.
Ele revela, ainda, as dificuldades típicas dos humildes migrantes que saem da região norte-nordeste, se instalam em São Paulo e batalham para conseguir o primeiro emprego, o que, no caso de Cortez, aconteceu em um estacionamento como lavador de carros e depois manobrista. Descortina também o modo generoso como a pauliceia abre os braços para seus filhos adotivos, mostrando as proezas do jovem livreiro nos anos 70, quando fazia de tudo para conseguir atender os pedidos de professores e estudantes interessados em adquirir livros censurados pelo regime militar.
No media metragem tem destaque a grande amizade com renomados intelectuais que, nos anos de chumbo, faziam da PUC/SP um centro de resistência à ditadura. Como por exemplo, o escritor Paulo Freire e o cientista social Jose Paulo Neto, dentre muitos outros. O sucesso e o reconhecimento de Cortez ficaram atestados em 2005 quando foi condecorado com o título de cidadão paulistano, concedido pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. A transição da função de livreiro de confiança dos alunos e professores da PUC, para editor campeão de vendas, a história de uma vida de dificuldades e glória construída lado a lado com paixões que vieram da infância: a família, os livros, a educação e o forró nordestino, são destaques do filme.