Dei à luz a um menino que é ponte, estrada, caminho. Dádiva do destino. Benção da cor morena. Minha letra, meu fonema. Misto de céu e chão. Estratagema, poema. Diálogo e discussão. Tema do meu sermão. Minha fé, minha oração. Sete notas musicais. Meus suspiros e meus ais. Sino tocando no ventre. Balada no peito: concerto. Meu avesso e meu direito. Meu bilhete para a lua. Meu herói e meu vilão. Minha praia e meu sertão. Meu rito, feitiço, vício, conexão e extensão. Meu São Jorge e meu dragão. Estética e poética. Retórica e silogismo. Som e fúria. Repertório de ternura. A razão e o coração. A alma e a intuição. Partitura, receita, equação, solução. Ritmista e equilibrista. Skatista em minha pista. Billy Eliot: dançarino. Porto, navio, desvario. Esfera, quadrado, compasso. Meu traço, meu nó, meu laço. A veia e o verso. O texto e o contexto. O sonho e a vertigem. Enigma e signo. Lenda, verdade, ansiedade. Grito de liberdade. O tempo e o vento.
E tudo isso dito, eu poderia apenas agradecer… Mas ainda tenho um pedido a fazer:
“ -Salta uma juventude no capricho que o meu menino hoje faz 15 anos. Saúde, meu filho. Saúde!”.