O corpo inteiro se desfez em chamas,
qual labaredas de contorno azul.
Se entorpeceu e se enroscou na trama
quando tocou o outro corpo nu.

Permaneceu no breu da madrugada
acariciando a pele de avelã,
embriagado pela linda musa
(ao doce som da flauta do deus Pã).

Fotografou sem flash cada encanto.
Bebeu o vinho tinto da paixão.
Teceu a teia espessa da volúpia.
Já flutuava e não sentia o chão.

Mas de manhã partiu sem acordá-la.
Fugiu do amor que era fatal prisão.
À sua frente: estrada e liberdade.
Às suas costas: dor e solidão.

Goimar Dantas
São Paulo
(1998-1999?)