O frio aprisiona meu corpo, minha alma.
Tento fugir dessa estação,
mas a trama e o peso de mil cobertores me impedem de pegar o trem.
No frio, deixo de ser mulher para me tornar objeto retesado.
Isso porque meu desejo, alado, voa para bem longe.
E meu temperamento sanguínio, moreno, “tropicano”,
fruto da veia onde também corre a cana caiana,
esse hiberna na caverna,
em floresta longe do mar.
No frio, pouco sorrio
e o brilho de minha aura cai três tons…
No frio eu viro outono,
ocaso,
descaso.
É triste, mas é assim:
o frio (pra mim)
é o início do fim.
Goimar Dantas
São Paulo, 21/05/2010.