O desejo está se aproximando.
Vem por trás, como um bandido.
Estremeço.
Posso sentir seu hálito quente em meu pescoço.
Está armado e dispara sua língua.
Ela atinge em cheio a penugem indefesa que recobre minha nuca.
Rendo-me em arrepios frios,
mas logo vem a febre,
o calor,
a chama.
O fogo se espalha.
Transforma meu peito em brasa.
A mesma que marca meu coração com novas iniciais.
Viro bicho de fazenda:
potranca exibindo o couro marcado pelo dono.
Um sujeito forte e possessivo
(como tem de ser).
Ele monta sobre mim.
E faz de meus cabelos rédeas.
Começo um galope selvagem.
Atravesso vales, prados, campinas.
Mas em poucos segundos,
já não galopo:
flutuo.
E alcanço as estrelas.

Goimar Dantas
São Paulo
29-09-08