Me chamo lua
Enfeito o céu
Mas só desejo
O senhor do Mar

E ele teima
Em amar a Terra
Jamais tentou
Vir me buscar

Se pelo menos
Ele notasse
Toda a beleza
Do meu querer

Acho que iria
Fazer alarde
Em maremoto
Se converter

Seria lindo
Se a gravidade
Me libertasse
Desse torpor

E me lançasse
(em queda livre)
Bem lá no meio
Do meu mar de amor

Como as mulheres
Mediterrâneas
(que amam seus homens
e suas naus)

Eu me entregaria
Feliz da vida
Me embriagava
De água e sal

Esquentaria
com meu desejo
o Índico gélido
do Oceano

Que ferveria
E derreteria
Essas geleiras
De desenganos

Que sonho é esse?
Onde eu estou?
Lá vem o dia!
Já vai raiar!

Fico mais triste
Pois só de noite
É que reflito
Por sobre o mar

Então renasce
Minha esperança
De ver Netuno
Vir me levar

Pras profundezas
Do seu mistério
(Um lar perfeito
para o luar).

Goimar Dantas
São Paulo
28-03-08