Minhas costas doem por suportar o meu mundo.
E o músculo, coitado, distendido, dilatado, lembra vidro estilhaçado.
Poça d’água pisada pelos pés de mil meninos.
Tento me erguer e olhar adiante,
mas nem sempre o corpo atende ao comando do querer.
Corpo que não é forte, apesar de eu ser do Norte:
sertaneja que peleja só com a pena, sem cessar.
Pena que cava fundo no solo dos sentimentos
(até achar mina de poesia no vão da lavra dos dias).
E então, do coração, essa terra tão fértil quanto solitária,
brotam textos verdejantes que fazem sombra lá adiante,
onde irei me recostar.
É quando a dor vai-se embora
por tempo suficiente pra eu parir novas histórias,
que de minha frágil costela, novamente, irei tirar.
Goimar Dantas
São Paulo
24-03-2010.