A casa de madeira da minha infância
ainda mora em mim.

Suas paredes, seu chão, suas janelas…
Árvores antigas me abrigando, solidárias.

Energia de florestas encantadas,
místico reino de sonhos infantis.

E graças à casa feita de troncos e galhos
criei raízes profundas e um espírito de aroma amadeirado.
Fruto de veias compostas de sangue, sândalo e seiva.

Quem me olha de verdade pode até não ver a casa,
mas vê corpo crepitando ao primeiro sinal de fogo.

E talvez por queimar tão fácil
desejos de chuva me tomem com tanta freqüência…

A casa de madeira da minha infância é útero.
É cantiga de acalanto.
Força da natureza, calor.

Aquela casa era um ninho.
E eu…
Menina passarinho
a espera de voar.

Se hoje sou flor e fruto
a casa é eterno refúgio.
Pedaço da minha história.
Cômodo estreito de outrora.
Regaço e colo materno
prontos para me aninhar.

Goimar Dantas
São Paulo
27-08-08