O Oriente está a cinco passos:
moça de olhos puxados,
sentada neste café.
Mangá jamais desenhado,
traço, assim, delineado,
estrela nipo-solar.
E a luz desse sol poente
me invade assim, de repente,
instiga meu mar-luar.
É quando eu sinto a energia
que seu espírito irradia,
força extremada,
sem par!
Golpe certeiro e cortante,
linhagem beligerante:
moça-gueixa-samurai…
Seda espalhada nas costas,
tapete negro, macio,
melenas longas e retas
onde é bom de se aninhar.
Olhar que é mira certeira,
ritualística dama
da Cerimônia do Chá.
Mirante para outras terras,
língua que é puro mistério,
dilema a enfeitiçar…
Da direita para a esquerda,
leitura desconcertante,
perdição do viajante,
ideograma de amar.
Expressão da natureza
sob a forma de princesa,
linda boneca de louça,
com boca cor de carmim.
Efeito de um kamikase,
de espada bem afiada,
bandeira branca e vermelha<br,>dualidade sem fim.
Misto de paz e de guerra,
um delicado origami
sentado próximo a mim.
E chego ao fim desses versos,
presente de mais um dia,
fruto doce desse vício
que se chama observar.
Assim registro a magia
e eternizo a poesia
que invadiu esse lugar.
São Paulo,
Centro Cultual Vergueiro
Junho- 2007