Eu me desdobro: origâmica.
E me azulejo: cerâmica.
Escorro em lava: vulcânica – sobre você.

E então me vejo: reflexo.
Um Rio Tejo em seu fluxo,
Cujo desejo (profundo) é se misturar ao mar.

Um oceano nostálgico
De águas salgadas, febris.
E correntezas incertas,
Ondas gigantes e hostis.

E ainda assim eu me entrego,
Submergindo, me enredo:
Sereia plena, feliz…

Espécie de néctar, fruta:
Pra sorver absoluta
Na boca da tua noite.

Sumo pra suar em febre
E entranhar em sua pele:
esse horizonte,
fronteira.
Penhasco,
abismo,
ladeira.
Avesso do meu direito,
onde espero me perder.


Goimar Dantas
São Paulo
27-08-09