“Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde”.

Encontrei esse trecho fantástico do poema “Dactilografia”, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, lendo o não menos fantástico O que é literatura infantil, de Ligia Cademartori (Editora Brasiliense, 2010, coleção Primeiros Passos). Impossível não vir aqui compartilhar com vocês.