Dei um tempo nas biografias e livros teóricos sobre o e tema. Eu estava precisando desesperadamente de um pouco de romance e poesia nas veias. Então, agora há pouco terminei de ler o maravilhoso Vésperas, de Adriana Lunardi (Editora Rocco, 2002). Prosa poética vigorosa da primeira à última linha. A sucessão de metáforas, o cuidado com a escolha das palavras e a elaboração minuciosa das imagens nas quais as frases desembocam compõem uma experiência única para o leitor, acreditem.
Composta de nove contos, o livro traz uma trama originalíssima fundamentada nas horas que antecederam a morte de nove escritoras que contribuíram para tornar a literatura universal ainda mais fascinante. São elas: Virginia Woolf, Dorothy Parker, Ana Cristina César, Colette, Clarice Lispector, Katherine Mansfield, Sylvia Plath, Zelda Fitzgerald e Júlia da Costa.
Veja esse trecho da contracapa do livro que, na minha opinião, define a obra com perfeição: “São nove contos que traduzem horas extremas, num exercício que transborda os limites entre ficção e biografia, e explora a literatura como tema e inspiração. Vésperas é sobretudo uma metáfora sobre a criação, único poder humano capaz de superar o tempo”. Não dá vontade de ler imediatamente? Foi o que fiz.
Paralelamente à Vésperas, comecei a ler O novo manual de fotografia, de John Hedgecoe (Editora Senac, 2007). Recebi o livro no primeiro dia do meu curso, que logo foi interrompido por duas semanas, devido à gripe suína e coisa e tals. Fiquei arrasada. Não vejo a hora de as aulas recomeçarem, sábado que vem. O livro é um calhamaço e, junto com ele, pretendo ler essas obras incríveis que aparacem na foto acima:
A pequena morte e outras naturezas, de Claudia Lage.
Problemas da Literatura Infantil, de Cecília Meireles
e Romanceiro da Inconfidência, da mesma autora.
Em tempo: à exceção do livro de fotografia, fornecido pela escola, comprei todos os demais no fantástico site Estante virtual e paguei um valor ridículo, incluindo o frete. Aconselho pra todo mundo.
E como a vida não é só feita de madrugadas e leituras, após mais de 60 entrevistas (elas nunca acabam… ainda tenho umas cinco pra fazer este mês), horas e horas de pesquisas que incluíram a consulta a essa pilha de material que vocês veem acima, diversos eventos, almoços e bate-papos em compainha do editor José Xavier Cortez, essa semana farei, pela primeira vez, uma entrevista formal com ele, meu biografado.
É claro que, nesse quase um ano de trabalho, encarei cada uma de nossas conversas como fonte preciosa de informação, mas, na verdade, preferi registrar, primeiro, as entrevistas com dezenas de pessoas que têm(tiveram) grande importância em sua vida. Foram dezenas de parentes, amigos, funcionários e profissionais do mercado editorial que esboçaram meu personagem de acordo com seus pontos de vista, suas lembranças, seus amores, dores, afetos, tristezas.
Agora, chegou a hora de eu arrematar o desenho de Cortez ouvindo o próprio retratado. Já tenho quase duzentas páginas de texto obtidas graças à transcrição dos trechos principais dessas entrevistas. Começo a montar o quebra-cabeças (cortando aqui, ampliando ali e burilando a linguagem) daqui a alguns dias. A previsão inicial era de que eu começasse a redação da minha parte do livro, escrito em co-autoria com a historiadora Teresa Sales, entre junho e julho, mas estou tomando verdadeiros chás de cadeira de vários entrevistados cujas agendas são terríveis. É a vida e vamos que vamos porque eu sou brasileira e não desisto nunca (rs). Enfim, que o espírito de todos os escritores que admiro me ajudem. Amém.