“A capital do Canadá é Ottawa. Cândido Portinari é o maior pintor do Brasil. A palavra assassino tem quatros esses. O melhor time do Brasil é o Corinthians. Paulo Maluf é um #&*@!#$%¨&*!! Existem dois partidos no Brasil: Arena e MDB. Eu sou MDB.Vai comprar meu jornal, mas traz o Cidade de Santos. Só compre A Tribuna se o Cidade de Santos já tiver acabado. Você já tem 9 anos e ainda não sabe todas as capitais do Brasil? Traz o meu Guaraná gelado. Pega água pra mim. Eu, um peão, concorri com um monte de engenheiros e tirei o primeiro lugar na prova de conhecimentos gerais. Liga o toca-discos e põe no último volume. Se sua mãe se separasse de mim, você ficaria comigo ou com ela? Eu acho que nunca iria conseguir dirigir. Vou parar de beber quando as meninas ficarem mocinhas porque não quero que sintam vergonha de mim. Namoro até tarde? Na minha casa cabra-macho não vai passar das nove da noite. Não quero morrer velho, basta eu formar minhas filhas na faculdade e já está bom. Fica quieta, que eu tô assistindo o jornal. Solte o cachorro. Se acontecer alguma coisa com uma das minhas filhas eu me atiro na linha do trem. Acho a Angelina Muniz a mulher mais bonita do Brasil. Essa é uma pergunta idiota.Eu não sei o que você vê nesses Menudos, pra mim são todos uns veados. Se eu tivesse estudado, seria jornalista. É a profissão mais bonita que existe. Eu odeio despedidas. Calma, minha filha, a viagem já vai acabar”.
Essas frases são as peças principais que compõem o quebra-cabeça formado pelo meu pai, morto quando eu tinha 13 anos. Não sei se um dia conseguirei montá-lo completamente, mas prosseguirei tentando.