A moça girava
Com a saia rendada
Figura encantada
Do lado de lá
E eu, daqui,
olhava…
Sequer captava
Toda a poesia
Que havia acolá
No cio pulsante
Do calor do instante
Tudo o que eu queria
Era atravessar
A renda da saia
Daquela morena
Pra viver pra sempre
Naquele lugar
Sob a sua saia:
promessa de céu!
Salvação eterna
Sempre a me acenar
E ela, seguia,
Bailando, voando…
Morando em meus olhos
Desejo a rodar
Mas eu, nessa hora,
Não via poesia!
Era só a moça
Pra lá e pra cá
Girando na renda
Levantando a saia
Me tornei cativo!
Do seu requebrar…
Espécie de viço,
Um vício, feitiço,
Um chão movediço
Delírio no ar
Serpente indiana
Me enroscou na trama
E, então, fui passando
pro lado de lá
Foi quando encontrei
Fonte de poesia
Decifrei a esfinge
Ali, a dançar
A moça é poema!
Sol do meu sistema
E no verso da saia
Vou me fixar
Pra formar a rima
Sem quebrar o ritmo
Do amor infinito
Que é o seu gingar…
Goimar Dantas
São Paulo
20-04-08