Não resisto. Preciso compartilhar esse maravilhoso trecho da entrevista concedida por Ariano Suassuna aos editores do Cadernos de Literatura Brasileira, edição Número 10, ano 2000. Li hoje de madrugada e continuo em êxtase até agora. Deleitem-se também, sem moderação, é claro:
CADERNOS: O Simbolismo seria, na sua opinião, uma forma de aproximar o hermético do cordel?
Ariano Suassuna: Veja bem, na própria poesia popular, às vezes, você tem esse hermetismo. Vou lhes dizer uma décima popular. Veja que coisa mais linda: “No tempo em que os ventos suis/faziam estragos gerais/fiz barrocas nos quintais/semeei cravos azuis/nasceram esses tatus/amarelos como cidro/Prometi a Santo Izidro/com muito jeito e amor/levá-los como uma flor/em uma taça de vidro”. É uma décima surrealista, não é? E uma coisa popular – quer dizer, o público tem também atração pelo obscuro.