Eu estava nervosa, tensa. Já não era sem tempo de a gente se encontrar de novo. Logo que cheguei, senti seu perfume inigualável e só então percebi o tamanho da minha saudade. Depois de um primeiro abraço, suave, etéreo, ele deu início ao ritual. Começou pelos meus pés – um dos meus pontos fracos… Imediatamente, meu corpo estremeceu e um arrepio percorreu todos os meus poros. Foi um lance certeiro, típico de quem tem muita experiência na arte de seduzir.
Entreguei os pontos de forma evidente e ele aproveitou a situação para seguir atacando. Com uma habilidade indescritível, foi subindo pelas minhas pernas, devagar e sempre. Tinha um jeito único de roçar minhas panturrilhas, molhando-as num beijo de sal, som e fúria: ia e voltava… Ia e voltava, abusando de movimentos precisos.
Mas eu queria mais. Ele percebeu e se jogou na direção dos meus joelhos, dando prosseguimento a sua volúpia obsessiva de avanços e recuos. A estratégia era perfeita. Só me restou perder a cabeça e, num impulso, fui adiante oferecendo-lhe minhas coxas, meu sexo, meu ventre… Os quais ele recebeu com voracidade, como eu bem queria. Num ímpeto de ousadia, fui além e deixei que ele chegasse até o meu pescoço – campo minado onde habita grande parte do meu desejo, prestes a explodir.
E realmente, por alguns instantes, fomos os dois pelos ares. Explosão de alegria por estarmos juntos, uma vez mais. Ao voltar ao chão, fechei os olhos e abri os braços para recebê-lo – certa de que ele ainda não estava saciado. Dito e feito. Em poucos segundos, lá estava ele sobre mim. Onda forte lançando jatos de espuma salgada que me banharam por inteira. Só depois, pude voltar à areia. Minha energia regressara plena e revigorada.
Nada como um banho de mar para aliviar a tensão.
(Este texto em prosa é uma releitura do meu poema O amante perfeito.)
Goimar Dantas
São Paulo
01-03-08